Redes de apoio transformam a luta contra o câncer de mama em acolhimento, esperança e autoestima

Rede de apoio transforma rotina de mulheres em tratamento contra câncer de mama Além das cirurgias, quimioterapias e radioterapias, o processo de tratamento d...

Redes de apoio transformam a luta contra o câncer de mama em acolhimento, esperança e autoestima
Redes de apoio transformam a luta contra o câncer de mama em acolhimento, esperança e autoestima (Foto: Reprodução)

Rede de apoio transforma rotina de mulheres em tratamento contra câncer de mama Além das cirurgias, quimioterapias e radioterapias, o processo de tratamento do câncer de mama mexe com a autoestima, a rotina e o emocional das pacientes. Mas há iniciativas que transformam essa caminhada em uma jornada de apoio, empatia e reconstrução, e não apenas do corpo, mas também da confiança. Essas iniciativas fazem a diferença na vida das mulheres e seus familiares. Esse é o tema da segunda reportagem da série “Resistir” exibida no TEM Notícias 1ª Edição, que trata sobre a importância do diagnóstico precoce, das redes de apoio para pacientes e dos avanços da ciência no tratamento contra o câncer de mama neste mês em que é realizada a campanha Outubro Rosa. Na primeira reportagem, exibida na quinta-feira (23), o TN1 mostrou histórias de mulheres que ainda enfrentam o tratamento e que já venceram essa batalha. 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp Amigas do Peito Grupo Amigas do Peito é uma das redes de apoio às mulheres que estão enfrentando o tratamento contra o câncer de mama em Bauru TV TEM/ Reprodução Em Bauru, o Grupo Amigas do Peito é um exemplo de como o acolhimento pode mudar vidas. Criado em 2003, a partir da iniciativa do médico William Delgallo, o grupo se tornou uma associação sem fins lucrativos em 2008 e hoje reúne dezenas de voluntárias, muitas delas mulheres que já enfrentaram o câncer e decidiram ajudar outras pacientes. “Nossa função é acolher, motivar e trocar experiências. O câncer não é uma sentença de morte, principalmente quando diagnosticado precocemente. Por isso, reforçamos sempre a importância dos exames de rotina e do autoexame”, explica Alaise Pinheiro dos Santos, presidente do grupo. O grupo oferece oficinas de crochê e costura, sessões de fisioterapia, pilates, nutrição, psicologia e acupuntura, além da confecção e do empréstimo de próteses mamárias, perucas, lenços e cachecóis. Também são distribuídas cestas básicas para mulheres em tratamento. Voluntária há dois anos, Eremita Aparecida Trindade Zarlenga descobriu o câncer de mama em 2010, durante o banho. Passou por cirurgias, quimioterapia, radioterapia e uma mastectomia. Hoje, celebra a saúde e o acolhimento que encontrou no grupo. LEIA TAMBÉM PRIMEIRA REPORTAGEM: Mulher que perdeu filha no parto durante tratamento contra o câncer de mama faz última quimioterapia “Na mesa onde nos reunimos para fazer crochê é como uma sessão de terapia coletiva. Cada uma compartilha sua história, e nos tornamos realmente amigas do peito”, conta. Para Anésia Gomes, outra integrante, a iniciativa foi fundamental para restaurar a autoestima após complicações na reconstrução mamária. “Eu tive rejeição à prótese e precisei retirá-la. Você se sente horrível ao se olhar no espelho. Com a prótese externa doada, voltei a me sentir inteira. Como recebi esse apoio, decidi ser voluntária também. É uma questão de gratidão.” Entidade Anna Marcelina Benedito é voluntário na entidade em Jaú e atua na produção de perucas que são entregues às pacientes com câncer TV TEM/ Reprodução A Entidade Anna Marcelina, ligada ao Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, realiza há cerca de 30 anos ações solidárias em prol de pacientes oncológicos. Diversas voluntárias produzem próteses mamárias, lenços, perucas e turbantes, além de organizar um bazar e campanhas de doações. “Quando a paciente recebe o diagnóstico, é um choque. Mas ao conversar com outras pessoas e perceber que existe apoio, ela entende que não está sozinha”, afirma Rosemary Antonelli Leite, presidente da entidade. Um dos voluntários é Benedito de Oliveira, que dedica o tempo livre para a produção de perucas com familiares, em Boituva. Todos os meses ele vai até Jaú para entregar as peças prontas e retirar as mechas de cabelo natural doadas ao hospital para a confecção. “Sempre fui um construtor, mas decidi iniciar esse trabalho voluntário para devolver a autoestima a quem está em tratamento. Eu, meus filhos e netos trabalhamos juntos. É gratificante demais.” A técnica de enfermagem Elaine Cristina Moraes Pinheiro foi uma das beneficiadas. Ela conta que a partir da terceira quimioterapia começaram as quedas de cabelo e ela buscou a entidade. “Eu estava muito arrasada, não me reconhecia no espelho. Quando cheguei na entidade o mundo se abriu com a doação das perucas. Foi quando comecei a me restabelecer de verdade. Hoje eu me reconheço no espelho. Quando você está bem, tudo melhora, até o tratamento”, conta emocionada. Tatuagem da esperança Tatuadora de Assis realiza tatuagens hiper-realistas de aréolas mamárias de forma gratuita TV TEM/ Reprodução Em Assis, a tatuadora Dani Iartelli encontrou uma forma única de ajudar mulheres que passaram por mastectomia: ela realiza tatuagens hiper-realistas de aréolas mamárias de forma gratuita. O trabalho, que concilia técnica e sensibilidade, já mudou a vida de mais de 50 mulheres. “Vi uma reportagem sobre um tatuador americano que fazia isso e senti que era algo que eu precisava fazer também. Deus tocou no meu coração. Não cobro, porque a gratidão dessas mulheres é o que mais vale”, explica Dani, que atua como voluntária há 20 anos. O procedimento só pode ser feito com liberação médica, cerca de seis meses após a reconstrução da mama. Algumas pacientes também optam por tatuagens florais que transformam as cicatrizes em galhos e flores. Estefânia Malzinoti Ramos da Silva, moradora de Paraguaçu Paulista, foi uma das atendidas recentemente. “Fiquei sem palavras. Ficou perfeito, parece meu próprio mamilo. Deus me deu um presente com essa tatuagem”, diz. Cuidado que vai além do tratamento médico O médico João Ricardo Auler Paloschi, do Hospital Amaral Carvalho, ressalta que o apoio emocional é tão essencial quanto o tratamento clínico, o que reforça a importância de iniciativas que apoiam pacientes. “O câncer de mama não se trata apenas com quimio e rádio. É preciso oferecer suporte psicológico e social para as mulheres que estão nesse processo. A paciente que tem uma rede de apoio conduz tudo com mais segurança e confiança, o que aumenta até as chances de cura”, finaliza. Hospital Amaral Carvalho é referência no tratamento do câncer no interior de SP Hospital Amaral Carvalho/Divulgação ❤️‍🩹 'Resistir' Reportagem: Luís Negrelli Imagens: Aceituno Júnior, Gustavo Luz e Jamie Raphael Produção: Andressa Santana Edição de texto: Yonny Furukawa Edição de imagens: Luan Lima, Barbara Góes e Helo Hess Edição de texto web: Eric Mantuan e Mariana Bonora Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília Assista às outras reportagens da série